Saiba até onde o mundo virtual é benéfico
Que quase todo mundo gosta de computador, isto todos já sabem. E os números não mentem: os brasileiros internautas, segundo o F/Nazca, são 81,3 milhões, contando pessoas desde os 12 anos. Já as estatísticas do Ibope/Nielsen apontam 78 milhões (a partir de 16 anos). Além disso, outro fato é muito relevante: a internet é o terceiro principal veículo de comunicação do País, ficando apenas atrás da televisão e do rádio.
Mas por que somos tão viciados em PCs? Para se ter uma ideia, mais de 45 milhões de pessoas acessam à internet regularmente, seja para bater papo, navegar nos sites de notícias, trabalhar ou jogar.
Segundo a psicoterapeuta Pamela Couto de Magalhães, da Clínica Psicológica M&C, vivemos em um mundo cada vez mais capitalista, em que a luta contra o tempo é inevitável. Estamos constantemente correndo, apressados para a reunião, para a entrega de algum trabalho, para cumprir as nossas metas, para almoçar e para praticamente a maioria dos compromissos que nos cerca. “Trabalhar em busca de boas condições e o desfrute de uma vida confortável é o objetivo da grande maioria populacional. Para tanto, não há tempo a perder. Dentro deste contexto a funcionalidade da internet e toda a sua praticidade ‘cai como uma luva’. Afinal, podemos resolver inúmeros problemas através dela, desde transferências financeiras a reuniões de negócios, que levariam muito tempo para acontecer se fossemos pelos caminhos das pedras”.
Ela complementa dizendo que todos estamos muito internauta porque além de hoje a internet ter se tornado uma indispensável ferramenta para o trabalho, é uma excelente fonte de informação e criatividade para todos, sem extinção. “Facilitadora de contatos, tornou-se um recurso imprescindível para a comunicação. Ao invés de um telefonema ou uma visita de ‘Feliz Aniversário’, pode-se mandar um e-mail ou um recadinho através de alguma rede social e pronto. Economizou-se tempo, usou-se da praticidade e a meta foi alcançada. Missão cumprida!”.
Tiago Moura, designer de interação, diz que é muito fácil entender porque a internet é tão sedutora. “Depois que entender tudo que esse mundo proporciona, você consegue fazer o que quiser. Você pode fazer praticamente tudo sem sair de casa, falar com amigos e familiares, compartilhar fotos e vídeos, ver o capítulo perdido da novela e diversas outras coisas que você teria mais trabalho fora do ciberespaço. Hoje, há estudos de interfaces com cheiro, hologramas modeláveis, realidade hyper aumentada, dentre diversas outras coisas que cada vez mais vão permitir uma maior interação entre o real e o virtual”.
Ele, que trabalha com computador, conta que costuma brincar dizendo ser dependente dele. “Não no sentido de não viver sem, mas sim porque trabalho diretamente com a internet no desenvolvimento de sites. Estou terminando meu bacharelado em interfaces digitais e ela é o principal ponto de referência. E no meu tempo livre, quando estou em casa, costumo jogar algo online com os meus amigos. Sem contar meu tempo livre, obrigatoriamente fico 12 horas conectado”.
Como não se tornar um dependente da internet?
Ela deve ser utilizada para facilitar o contato entre as pessoas, mas não deve substituir o contato direto entre elas. Os seres humanos devem e precisam preservar o convívio direto. O toque, o contato da pele, dos corpos, o abraço, o aperto de mãos e a conversa olho no olho são essenciais para os desenvolvimentos social e humano. Quando o indivíduo opta em viver única e exclusivamente no universo virtual, deve-se parar e observar o caso, pois pode se tratar de um comportamento compulsivo. Isto porque o uso excessivo da internet pode ser um mecanismo de fuga e isolamento do convívio interpessoal, devido a limitações a cerca do contato. Isto é considerado típico de indivíduos com caráter introvertido, antissocial e de vocação solitária.
A psicoterapeuta Pamela conta que tudo na vida que é desmedido, exagerado, pode trazer malefícios à saúde e, consequentemente, à vida. “Em relação ao universo virtual, quando o indivíduo passa a se preocupar mais em manter-se conectado à internet do que na vida real é indicado que se comece a observar. Podem ser considerados sintomas compulsivos, uma vez que há uma necessidade quase vital em estar no computador. Há mudanças no cotidiano para que se encontre mais tempo para manter-se conectado, há uma diminuição considerável nas atividades físicas, alterações significativas no sono em prol de manter-se desperto a utilizando, e até mesmo a troca ou abrir mão de estar com os amigos e os familiares para manter-se no universo virtual”.
Tiago considera a internet um complemento na vida das pessoas, mas opina que esta jamais deve substituir a sua vida real. “Principalmente as redes sociais são ótimas ferramentas para organização de festas e eventos, além de aproximarem algumas amizades de longa data. Mas é claro, ao mesmo tempo em que podem aproximar, também podem afastar as pessoas. Existem casos de pessoas que se isolam do mundo e fazem tudo sem sair de casa, utilizando a internet para falar com outras pessoas, pedir alimentos, comprar roupas, dentre outras coisas. No Japão, eles são chamados de ‘hikikomori’ e estima-se que estes sejam cerca de 20% dos rapazes japoneses”.
Como dica, Pamela aconselha que viver um cotidiano virtual distrai, ocupa, promove satisfações, mas tem limitações suficientes para não satisfazer por completo o núcleo emocional afetivo. “A pessoa necessita de convivência, relacionamento, construção de vínculos concretos e vivenciais, ou seja, passos mais avançados do que a internet pode dar. Mas nós, seres humanos no mundo real, podemos e devemos fazer isto, para não nos tornarmos ‘escravos’ da vida cibernética”.
Por Priscilla Silvestre
Fonte: http://www.baboo.com.br/
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