Fibra é uma palavra simpática. Dizemos que tem fibra a pessoa que é corajosa e determinada; e, em termos de nutrição, costumamos associar fibra com dieta saudável. Fibra, neste último caso, designa aquele componente de produtos vegetais, formado de celulose, hidratos de carbono e outras substâncias, que não é digerido. As fibras chamadas solúveis, encontradas em legumes, aveia, maçã e outras frutas, absorvem água e, pela ação das bactérias normalmente presentes no intestino, são fermentadas.
As fibras insolúveis, presentes em grãos integrais, farelos e verduras, passam intactas pelo trato gastrointestinal. As primeiras reduzem o colesterol; as segundas facilitam o trânsito intestinal. Às fibras atribuem-se muitos efeitos benéficos: ajudariam a controlar o diabetes, diminuiriam a probabilidade de doença cardíaca, de cálculos biliares e de várias outras doenças.
A popularidade das fibras está associada a um médico que até hoje é uma figura lendária: o irlandês Denis Parsons Burkitt (1911- 1993). De formação religiosa, Burkitt via na medicina um verdadeiro sacerdócio; depois da II Guerra, na qual serviu, radicou-se na África e ali ficou por décadas. Ficou famoso primeiro ao descrever um tipo de câncer que tem o seu nome, o sarcoma de Burkitt, comum em Uganda; mas sua fama cresceu mesmo quando publicou estudos mostrando que os africanos tinham um risco menor de câncer colorretal, o que atribuiu à dieta rica em fibras.
Seu livro Don’t Forget Fibre in your Diet (Não Esqueça da Fibra na sua Dieta, 1979) tornou-se um instantâneo best-seller. A propósito, Burkitt também tinha uma outra teoria, segundo a qual o fato de os nativos evacuarem acocorados protegia seus órgãos abdominais de doença. Esta ideia, por razões óbvias, não despertou tanto entusiasmo.
Por outro lado, numerosos estudos sobre o uso de fibras na prevenção do câncer de cólon mostraram resultados divergentes. O maior desses estudos (1999), abrangendo 90 mil pessoas, não conseguiu demonstrar efeito protetor das fibras contra a temível doença. Estudos posteriores, publicados no jornal inglês Lancet, deram algum apoio às ideias de Burkitt. De qualquer modo, as fibras são benéficas, não prejudicam e caracterizam uma dieta sadia. Por causa disso, a hoje clássica recomendação de um mínimo de 25 gramas de fibras, equivalente a cinco porções diárias de vegetal, é universalmente aceita.
Agora, um gigantesco estudo europeu (quase 90 mil pessoas), publicado no American Journal of Clinical Nutrition, veio reforçar a recomendação, mostrando que o consumo de mais de 10 gramas de fibras por dia diminuía o ganho de peso e reduzia a cintura. Isto acontece porque as fibras estimulam os hormônios da saciedade, aqueles que nos avisam que já comemos bastante, uma advertência que, nesta era de obesidade (vejam o filme Preciosa para constatá-la), é mais que necessária.
Ponham fibra na dieta. É fácil. Não precisa ter nenhuma fibra para isso.
O texto acima foi escrito por Moacyr Scliar, médico e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras.
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